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2 de junho de 2009

Morre Pedro de Orleans



Perfil do príncipe Pedro de Orleans,

passageiro do voo 447

Quarto na hipotética linha sucessória de um trono no Brasil, Pedro Luiz estava à procura de uma princesa

Eduardo Nunomura - O Estado de S. Paulo

Reprodução do site causaimperial.org.br

Pedro com a sua tia D. Maria Thereza

SÃO PAULO - Um dos descendentes da família imperial brasileira e considerado por ela como o quarto na hipotética linha sucessória de um trono no Brasil, Pedro Luiz estava à procura de uma princesa. Aos 26 anos, ele queria se casar para manter uma tradição tão cara aos Orleans e Bragança: o sonho de restaurar a monarquia nos trópicos. Vivia em Luxemburgo e sabia que ali, no pequeno país europeu incrustado entre França, Bélgica e Alemanha, estava mais próximo dos castelos que frequentava, dos casamentos e aniversários, das festas, dos encontros de nobres. Os monarquistas estão de luto.

Seu nome completo era digno da nobreza: Pedro Luiz Maria José Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Orleans e Bragança. Mas era tratado mesmo como dom Pedro Luiz. Nasceu em 1983, no Rio, filho do príncipe dom Antonio e da princesa belga Cristina de Ligne, que moram em Petrópolis. Tinha três irmãos, dom Rafael, dona Amélia e dona Maria Gabriela, que viviam no Rio. O príncipe que desapareceu nas águas do Oceano Atlântico tinha vindo ao País para visitar a família, informou nesta segunda-feira, 1.º, a Casa Imperial do Brasil.

Formado em administração de empresas e com pós-graduação em economia, dom Pedro Luiz estagiava numa instituição financeira de Luxemburgo. Como primogênito, sempre acompanhou o pai na luta por manter a herança monárquica entre os brasileiros. Foi assim em 1993, quando se empenharam, sem sucesso, pelo referendo que discutiu a restauração da monarquia - o Brasil se tornou República em 1889. Ainda criança, dom Pedro Luiz era visto ao lado do pai na campanha.

Pedro Luiz era tetraneto de dom Pedro 2.º e trineto da princesa Isabel, que assinou a abolição da escravatura no Brasil. Foi alçado à condição de quarto na linha de sucessão, porque a tradição isolou parte da Família Real, todos os herdeiros do filho mais velho da princesa Isabel, Dom Pedro de Alcântara. Este renunciou aos direitos para se casar com uma plebeia. Sempre que isso ocorre, perde-se o direito de representar oficialmente o nome da dinastia como a dos Orleans e Bragança. "Espanha e Portugal aboliram a exigência de que casamentos reais devem ocorrer entre príncipes e princesas de alguma dinastia, mas a família imperial brasileira, não", explica Alan Morgan, do Movimento Brasil Imperial.

Além disso, o jovem presente na lista das vítimas do acidente aéreo estava bem posicionado porque seus tios, dom Luiz e dom Bertrand, primeiro e segundo na linha de sucessão, são solteiros e não tiveram filhos. Antes ligados à organização religiosa Tradição, Família e Propriedade (TFP), eles chegaram a indicar, caso o referendo de 1993 fosse vitorioso, que dom Pedro Luiz seria o melhor candidato para assumir o comando da monarquia. Seu pai, dom Antonio, terceiro na sucessão, por um bom tempo exerceu a engenharia na área estrutural e hoje se ocupa das artes, como um aquarelista.

Desde 1999, dom Pedro Luiz era presidente de honra da Juventude Monárquica. Possui os títulos da Grã-Cruz das Ordens Imperiais de Dom Pedro 1.º e da Rosa. Na internet, o movimento Causa Imperial criou uma comunidade em seu nome, hoje com 460 membros. Nesta segunda, mensagens lamentavam a perda do príncipe brasileiro.

Uma triste ironia marca a história da família Orleans e Bragança. Em 1918, a poucos dias do fim da 1.ª Guerra Mundial, seu tio-bisavô dom Antonio, um jovem que quis lutar defendendo o Brasil, também foi vítima de um acidente aéreo. Piloto do Exército britânico, ele foi abatido no ar e seu avião acabou caindo num campo rural da Inglaterra. Ainda com vida, dom Antonio rezou com muito fervor até que alguém lhe acudiu. Morreu antes que o socorro médico pudesse chegar.

Estadão

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